A Câmara Municipal de Campo Grande realizou, na manhã deste sábado (25), audiência pública para discutir o tema “Moradia indígena: uma condição para o bem viver”. O encontro reuniu representantes da comunidade Kadiwéu, lideranças indígenas e autoridades municipais e estaduais para tratar das dificuldades enfrentadas pelas famílias indígenas que vivem em contexto urbano na Capital.
A iniciativa foi proposta pela vereadora Luiza Ribeiro, presidente da Comissão Permanente das Causas Indígenas. Segundo a parlamentar, o objetivo é acolher as etnias e potencializar modalidades do programa Minha Casa Minha Vida para atender a esse público. “As pessoas saem das aldeias para morar na cidade e acabam ficando em moradias precárias. Precisamos acolher as etnias e esse esforço acontece em um momento em que o Governo Federal retomou o programa”, afirmou a vereadora.
Segundo Luiza Ribeiro, serão solicitadas providências da Agência Estadual de Habitação, da EMHA e do Governo Federal, para que as demandas apresentadas sejam incorporadas a políticas permanentes de moradia.
Durante o debate, o representante do Conselho Municipal de Direitos e Defesa dos Povos Indígenas, Lisio Lili, destacou que a habitação é uma das pautas prioritárias do Conselho. “Temos cerca de 40 famílias kadiwéu morando em Campo Grande e precisam pagar aluguel. Há muito tempo o Poder Público não coloca em pauta esse assunto, mas nessa oportunidade agradecemos a iniciativa da Câmara Municipal por abraçar essa causa”, disse.
A representante das mulheres indígenas kadiwéus, Vilma Ferraz, cobrou ações concretas, alertando que “três a quatro famílias vivendo em uma casa alugada. A situação está complicada.” Ela reforçou a necessidade de um terreno para acolher as famílias e implantar uma aldeia urbana indígena.
O cacique Luiz Fernando Matsua alertou para os impactos culturais provocados pela falta de moradia adequada, que causa a dispersão das famílias. “Minha grande preocupação está relacionada às nossas culturas, nossa língua e nossas tradição, que estão começando a se dispersar. Precisamos manter proximidade para que nossas culturas continuem a existir, senão serão apagadas. Falta justiça social e inserção dos nossos povos nas políticas públicas”, reforçou.
As discussões integram a construção da Política Municipal dos Direitos dos Povos Indígenas, com foco em garantir moradia digna e valorização cultural às comunidades originárias que vivem em Campo Grande.
Fonte: Redação Raiz, com informações da Assessoria de Comunicação da Câmara Municipal | Imagens: Divulgação
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