Na manhã de terça-feira (22), o transporte coletivo de Campo Grande foi interrompido por pouco mais de duas horas devido à paralisação dos motoristas e cobradores, que cobravam o pagamento do vale-alimentação atrasado. Após a retomada parcial do serviço, os vereadores Ronilço Guerreiro (Podemos), Luiza Ribeiro (PT) e Maicon Nogueira (PP) se manifestaram publicamente em apoio aos trabalhadores e aos usuários do transporte, cobrando mais transparência e responsabilidade do Consórcio Guaicurus e da Prefeitura. O sindicato da categoria informou que, caso o benefício não seja pago, uma nova paralisação poderá ocorrer na próxima segunda-feira (27).
A vereadora Luiza Ribeiro classificou como “inadmissível” o atraso no pagamento e disse que o problema revela a falta de fiscalização por parte do Poder Público. Para ela, o Consórcio Guaicurus não pode justificar a falha alegando problemas de caixa, já que recebe antecipadamente valores de vale-transporte das empresas e da própria administração municipal. “O atraso é injustificável. A prefeitura precisa cobrar o cumprimento do contrato e fiscalizar com rigor o Consórcio Guaicurus”, afirmou a parlamentar, reforçando que a população não pode continuar sendo prejudicada por má gestão.
Ronilço Guerreiro, por sua vez, destacou que o episódio mostrou novamente a fragilidade da gestão do transporte público em Campo Grande. Ele defendeu a criação urgente de um Fundo Municipal de Transporte, que assegure recursos exclusivos para o setor e evite que a cidade enfrente novas crises. O vereador também reforçou que a paralisação foi legítima diante do descumprimento dos direitos trabalhistas, mas que o Consórcio e o Executivo precisam oferecer respostas rápidas para que a população não continue sendo penalizada. “Não podemos aceitar que os trabalhadores e a população sejam desrespeitados dessa forma. É preciso garantir o direito ao transporte digno e o pagamento em dia”, declarou Guerreiro.
O vereador Maicon Nogueira, autor de um abaixo-assinado que já reuniu milhares de assinaturas pedindo a destituição do Consórcio Guaicurus, ainda antes da paralisação, voltou a criticar a falta de transparência da empresa e a demora da Prefeitura em agir. Em suas declarações no dia de ontem, Maicon afirmou que a paralisação foi consequência direta da má gestão do consórcio e da conivência do poder público. “Essa situação é resultado da má gestão do consórcio e da falta de ação do poder público. O povo não aguenta mais ser penalizado”, afirmou o parlamentar, reforçando que continuará pressionando pela revisão do contrato de concessão.
Ainda ontem, em decorrência da paralisação, o presidente da Câmara, Epaminondas Neto, o Papy, convocou uma reunião de emergência com a Comissão Permanente de Transporte e Trânsito. Participaram da reunião o vereador Dr. Lívio (União Brasil), presidente da Comissão, além dos membros Ana Portela (PL), Herculano Borges (Republicanos) e Silvio Pitu (Solidariedade), e os parlamentares Professor Riverton (PP), Leinha (PSB) e Wilson Lands (PSDB).
Dr. Lívio, após a reunião, declarou que a CPI do transporte coletivo na capital já tinha previsto que uma paralização como a ocorrida poderia acontecer. Em sua fala, o vereador incluiu a prefeitura no rol de culpados. "A Câmara Municipal não vai ser refém nem do Consórcio Guaicurus nem da Prefeitura. Nós estaremos sempre ao lado da população de Campo Grande, que é quem realmente está sofrendo", declarou.
A Câmara Municipal deve debater o tema novamente nos próximos dias, com a possibilidade de novas medidas por parte do legislativo, incluindo a celeridade do projeto do Fundo Municipal de Transporte e pedidos de auditoria no contrato de concessão. Enquanto isso, a categoria mantém a ameaça de nova paralisação para o início da próxima semana, caso o pagamento do vale-alimentação não seja regularizado.
Fonte: Redação Raiz, com informações da Câmara CG | Foto: Izaías Medeiros / Câmara CG (à época da CPI do Transportes)
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