O deputado federal e pastor Otoni de Paula (MDB-RJ) afirmou que quatro jovens vinculados à Igreja Ministério Missão de Vida, da qual ele é membro, perderam a vida durante a megaoperação policial deflagrada nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro. Segundo o parlamentar, eles “nunca portaram fuzis” e não tinham qualquer envolvimento com o tráfico ou as organizações criminosas alvo da ação. O contundente discurso, feito na Câmara dos Deputados na quarta-feira (29), e que não teve tanto impacto midiático, está sendo resgatado agora por críticos à letalidade da chamada Operação Contenção.
De acordo com Otoni de Paula, os jovens eram filhos de fiéis da igreja e foram “contados no pacote como se fossem bandidos”. Ele acusou que a simples presença de “preto correndo em dia de operação na favela” passa a identificá-lo automaticamente como criminoso. O deputado não divulgou nomes ou idades dos jovens.
Otoni, que é líder evangélico e se identifica como sendo de direita, também classificou a ação como “teatro espetacular” orquestrado pelo governo estadual, nomeadamente pelo Cláudio Castro (PL), governador do Rio de Janeiro. Ele argumentou que o que se busca não é apenas combate ao crime, mas exibição de poder e espetáculo midiático em meio a uma guerra ideológica que, para ele, sacrifica vidas inocentes.
Em contrapartida, o governo estadual já declarou que a operação visou integrantes da facção Comando Vermelho e regiões de mata como palco dos confrontos, afirmando que não acredita que houvesse pessoas “passeando” em tais áreas durante o cerco. O Ministério Público do Rio de Janeiro anunciou que acompanhará o reconhecimento dos corpos e investigará os óbitos.
O episódio reacende o debate sobre os critérios de uso da força em operações policiais de grande escala em comunidades vulneráveis, o reconhecimento de vítimas sem envolvimento direto em organizações criminosas e a responsabilidade do Estado sobre jovens negros em áreas de risco. Otoni de Paula conclamou por um minuto de silêncio em homenagem às vítimas: tanto os policiais mortos quanto os que, segundo ele, eram “alguns inocentes”.
Fonte: Redação Raiz, com informações de Poder 360 e CNN Brasil | Foto: Poder 360
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