A paralisação de motoristas de ônibus ocorrida na manhã da última quarta-feira (22) sob a alegação de atraso nos pagamentos do vale-alimentação continuam repercutindo, uma vez que começam a surgir indícios de que o movimento possa ter sido “orquestrado” pelo próprio Consórcio Guaicurus, que reúne todas as empresas de transporte coletivo de Campo Grande. Segundo relatos anônimos de funcionários divulgados nessa quarta-feira (23), a decisão de interromper o serviço teria partido da chefia e não dos trabalhadores.
De acordo com motoristas que ainda atuam na operação e corroborado por relatos de ex-funcionários, o protesto ocorrido de forma abrupta e sem consulta coletiva, coincidiu com o momento em que a empresa pleiteava à Prefeitura de Campo Grande um novo aumento de repasse. Um desses relatos sustenta que “a empresa determinou a paralisação para forçar o município a liberar verba extra”.
O Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul (MPT-MS) já encaminhou investigação ao Consórcio Guaicurus para apurar denúncias que envolvem não apenas a paralisação em si, mas também condições de trabalho, assédio, perseguição e frota sucateada. O vereador Maicon Nogueira (PP), autor de um abaixo-assinado contra a empresa, defende que a situação possa configurar uma “greve fake”. Segundo ele, as imagens de câmeras de segurança internas podem comprovar que os motoristas chegaram para trabalhar normalmente, mas que tenham sido impedidos de sair por decisão e interesse do próprio consórcio.
Paralelo a isso, os trabalhadores do transporte coletivo de Campo Grande continuam alegando não ter recebido o pagamento do "vale", que deveria ter acontecido no dia 20. Nenhuma data de pagamento teria sido informada até agora, o que faz crescer a possibilidade de que uma nova paralização, anunciada para a próxima segunda-feira, dia 27, realmente aconteça.
Diante das evidências da paralização forjada, a Câmara Municipal de Campo Grande debate agora a abertura de processo para solicitar judicialmente as gravações das câmeras do Consórcio Guaicurus e também encaminhar representação à Polícia e ao MPT para investigar possíveis fraudes trabalhistas ou práticas de coação. E o contrato com o Consórcio Guaicurus, prestes a completar seu 13º aniversário, segue alvo de muitos debates e controvérsias.
Fonte: Redação Raiz | Foto: Prefeitura de Campo Grande/Divulgação
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