A Caixa Econômica Federal deve lançar, até o fim de novembro de 2025, sua própria plataforma de apostas esportivas online, popularmente chamada de “bet da Caixa”. A informação foi confirmada por representantes do banco e repercutida por diversos veículos de imprensa. O projeto faz parte de uma estratégia da instituição para se posicionar no mercado de apostas reguladas, um dos que mais crescem no país desde a liberação das chamadas “bets” em 2019.
A iniciativa surge em um contexto de queda na arrecadação das Loterias da Caixa, que historicamente financiam programas sociais e esportivos do governo federal. Com a migração de apostadores para plataformas privadas de apostas esportivas, a Caixa busca recuperar espaço e aumentar sua receita com jogos. A expectativa é que o novo serviço esteja integrado a um “superapp”, que reunirá loterias, apostas e outros serviços digitais da instituição.
Projeções internas indicam que o novo braço digital pode movimentar valores expressivos já em seu primeiro ano completo de operação. Estimativas divulgadas por sites especializados apontam arrecadação entre R$ 2 bilhões e R$ 7 bilhões em 2026, dependendo do ritmo de adesão dos usuários. Em versões anteriores do projeto, o banco chegou a mencionar a meta de alcançar até R$ 12 bilhões anuais em faturamento.
A Caixa afirma que pretende manter na nova plataforma os mesmos padrões de governança e transparência aplicados às loterias federais, incluindo mecanismos de jogo responsável e prevenção ao vício em apostas. Segundo a instituição, a entrada nesse mercado será feita de maneira segura e controlada, preservando o caráter público e social da marca.
Apesar disso, a decisão tem gerado críticas de economistas e entidades de controle público. Especialistas argumentam que a atuação de um banco estatal em um segmento de alto risco social e de natureza essencialmente privada desvia o foco da Caixa de suas funções principais, que são o crédito habitacional, a inclusão financeira e os programas sociais. Há também preocupação com o impacto que uma popularização ainda maior desse tipo de aposta pode causar em públicos vulneráveis.
A senadora Damares Alves (Republicanos-DF), que já se opunha à liberação de apostas quando ainda era ministra no governo Bolsonaro, dedicou, nesta quarta-feira (22) parte de sua participação em plenário a essa questão. "Isso é uma tragédia anunciada! Aquelas pessoas que não acreditavam em bets, que tinham medo porque o 'tigrinho' faz mal, agora vão acreditar nas bets porque isso vai estar dentro de uma instituição que é séria", declarou a senadora.
Enquanto o debate avança, o projeto segue em desenvolvimento. O lançamento da “bet da Caixa” ainda depende de ajustes técnicos e regulatórios, mas a previsão de estreia até o fim de 2025 segue mantida. Se confirmada, a entrada da Caixa no setor marcará uma nova fase na relação entre o Estado e o mercado de apostas no Brasil, e poderá redefinir o papel das loterias públicas no país.
Fonte: Redação Raiz, com informações de Money Times e Agência Senado | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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