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Segunda-feira, 27 de Outubro de 2025
Parem de torcer contra o Brasil

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Parem de torcer contra o Brasil

É o patriotismo às avessas: o desejo de ver o próprio país humilhado, desde que o prejuízo político recaia sobre o adversário.

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Há algo de profundamente doente na cultura política brasileira: o prazer em ver o país dar errado só para ter razão.
Nas últimas semanas, virou moda celebrar o que deveria envergonhar. Gente festejando “Magnistyk” — o magnata que ameaça com sanções —, vibrando com Trump taxando o Brasil, apostando contra o sucesso de uma viagem presidencial ou torcendo para que um encontro entre líderes de Brasil e Estados Unidos fracassasse. É o patriotismo às avessas: o desejo de ver o próprio país humilhado, desde que o prejuízo político recaia sobre o adversário.
Não se trata mais de oposição, mas de torcida organizada contra a pátria. Quando um secretário estrangeiro, como Marco Rubio, faz ameaças ou críticas, há quem bata palmas, como se a desmoralização do Brasil no exterior fosse motivo de aplauso. O discurso virou esporte: quanto pior para o governo, melhor — ainda que signifique pior para todos nós.
Dentro do próprio Congresso, a mesma lógica se repete. Projetos são derrubados não por mérito, mas por birra ideológica. O cálculo é simples: se a medida é positiva para o país, mas pode dar algum crédito político ao governo, então deve ser sabotada. Foi assim na votação de propostas que poderiam taxar grandes fortunas e as bilionárias casas de apostas (“bets”), medidas que corrigiriam distorções vergonhosas. Mas preferiram o caminho mais cruel: bloquear essas receitas e, em contrapartida, abrir espaço para cortes em políticas sociais que atingem diretamente os mais pobres.
Essa é a nova face da velha hipocrisia nacional — a que confunde política com torcida e oposição com destruição. Ninguém é obrigado a apoiar um governo, mas todos deveriam ser obrigados a apoiar o Brasil. Torcer para que o país quebre, para que o desemprego suba, para que o dólar dispare — só para poder dizer “eu avisei” — é a mais baixa forma de antipatriotismo.
O Brasil precisa de crítica, não de sabotagem. De vigilância, não de ódio. De divergência, não de torcida pela derrota. Porque enquanto alguns vibram com o fracasso, o país inteiro paga a conta.

 

Por Joel Silva – Radialista e jornalista de formação especializado em Marketing Político.

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