Entre pragmatismo e a política como ela é, Brasil e Estados Unidos retomam o diálogo — e, ironicamente, o bom senso parece ter voltado à linha.
Há quem diga que a política internacional é feita de ideologias, mas o telefonema entre Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva mostrou que o mundo real ainda é movido por algo mais antigo e eficaz: interesses. O simples gesto — um “alô” diplomático entre dois líderes que até ontem trocavam farpas — bastou para reabrir um canal de diálogo que vinha entupido de desconfiança e ressentimento desde os tempos da polarização global.
De um lado, um Trump renascido politicamente, que redescobriu o valor da América Latina no tabuleiro das commodities e da geopolítica energética. Do outro, um Lula amadurecido pela pressão interna e pela necessidade de manter o Brasil relevante em um mundo em transição. O resultado? Um raro momento de pragmatismo: o ministro Marcos Vieira e o secretário de Estado Marco Rubio já preparam os próximos passos, sinalizando uma retomada bilateral que vai muito além da foto protocolar.
É curioso ver como a diplomacia, que andava travada entre discursos ideológicos e vaidades de chanceleres, voltou a se mover pelo que realmente importa: exportação, segurança, tecnologia e credibilidade. E, convenhamos, não há ironia maior do que ver um republicano linha-dura e um petista convicto trocando elogios por telefone enquanto seus eleitores ainda digerem o passado recente de hostilidades.
O fato é que, no jogo dos adultos, o pragmatismo vence o barulho das redes. Trump e Lula entenderam que o Brasil e os Estados Unidos não precisam se amar — basta que se respeitem e se escutem. E, nesse ponto, o telefonema valeu mais do que dezenas de discursos. A diplomacia, enfim, voltou a tocar o telefone antes de postar no X.
Por Joel Silva – Radialista e jornalista de formação especializado em Marketing Político.
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