Na manhã desta terça-feira (21), o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy, de 70 anos, deu entrada no estabelecimento prisional La Santé, em Paris, para dar início ao cumprimento de sua pena de cinco anos de reclusão. A sentença decorre de sua condenação pelo crime de conspiração criminosa no âmbito de financiamento ilegal de sua campanha presidencial de 2007, pelo partido de centro-direita União por um Movimento Popular, cuja origem teria estado ligada ao regime de Muammar Khaddafi na Líbia.
Acompanhado por sua esposa, a cantora e ex-modelo Carla Bruni (casada com Sarkozy desde 2008), o casal deixou a residência no 16º arrondissement de Paris sob aplausos de apoiadores que cantavam a Marselhesa e erguiam cartazes com mensagens como “Courage Nicolas”. Ele deixou o local em carro policial, com escolta, e logo foi conduzido para unidade de confinamento especial, sob forte esquema de segurança.
A condenação, decretada em 25 de setembro de 2025, tornou-se uma marca histórica: Sarkozy é o primeiro ex-chefe de Estado da França do pós-guerra, e também o primeiro ex-líder de um país da União Europeia contemporânea, a ingressar no regime prisional. A corte justificou a imediata execução da pena, mesmo com recursos pendentes, pela “gravidade excepcional” dos fatos em questão.
Apesar de iniciar cumprimento da pena, o ex-presidente mantém, com convicção, as declarações de sua inocência. Em comunicado divulgado no momento da entrada no presídio, afirmou que “não é um ex-presidente da República que está sendo preso esta manhã, mas um homem inocente”. Seus advogados já apresentaram pedido de soltura provisória, cogitando que ele poderá estar em liberdade condicional ou sob regime mais brando em curto prazo, embora o processo de apelação ainda se desenvolva.
A movimentação teve forte impacto político. O atual chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, evitou comentar sobre a decisão judicial, mas admitiu que a imagem de um presidente preso inevitavelmente “provoca comentários” e reforçou a importância da independência do judiciário. A prisão de Sarkozy reabriu o debate sobre o alcance da responsabilização penal de altos cargos públicos e a integridade dos processos envolvendo campanhas eleitorais na França.
No plano pessoal, o cenário não deixa de ser bastante incomum. Carla Bruni, que dedicou boa parte de sua carreira à música e à moda, e sempre fez o possível para manter um perfil discreto, permaneceu ao lado do marido no momento de embarque para o cumprimento da pena, demonstrando apoio público em situação marcada pelo constrangimento institucional. Carla não escondeu o que acontecia debaixo do tapete: postou nos stories de sua conta no Instagram, atualmente com 1,2 milhões de seguidores, os vídeos em que acompanhava seu marido até o estabelecimento prisional. Também postou, na íntegra, a carta aberta em que seu marido reitera sua inocência. Bruni e Sarkozy têm uma filha juntos, Giulia, que completou 14 anos no último dia 19 de outubro.
Fonte: Redação Raiz, com informações de Reuters e Euronews | Foto: Julien de Rosa/AFP
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